Donas de 66% do faturamento de 133 bilhões de reais registrados no varejo farmacêutico em 2024, as indústrias farmacêuticas nacionais poderiam investir muito mais do que investem em inovação. Especialmente em um contexto em que não há desenvolvimento de medicamentos inovadores no Brasil realizado pelas multinacionais, que fecharam praticamente todos os Centros de Pesquisa que haviam instalado no país. 5o1g49
Levantamento inédito produzido pela Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais, a ALANAC, indica que105 projetos classificados como inovação incremental estão paralisados ou foram congelados pelas indústrias por falta de viabilidade financeira. Estes projetos somariam investimentos de 5.2 bilhões de reais.
A inovação incremental se utiliza de fármacos já existentes, promovendo melhorias na absorção por meio de tecnologias como a nanotecnologia, além de novas associações e formulações, melhorando a eficácia dos produtos e adaptando-os para atender a novas indicações médicas.
Pela regra atual da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, a CMED, os preços dos produtos submetidos à inovação incremental seguem os mesmos critérios dos produtos de cópia, ou seja, são orientados pela miligramagem dos princípios ativos. No caso de medicamentos com nanotecnologia, como possuem doses muito menores, os preços autorizados também são menores, desconsiderando benefícios como melhoria na eficácia e redução de efeitos colaterais.
“Este modelo desestimula novos projetos. A indústria farmacêutica nacional precisa da inovação incremental para avançar na inovação de base”, explica o presidente 3xecutivo da Alanac, Henrique Tada.
O exemplo mais claro disso é a caneta de injeção de adrenalina. O produto, muito comum em outros países para ser usado diretamente pelo paciente em casos de reações alérgicas graves, como alimentos ou picadas de insetos, nunca foi lançado no Brasil, pois o preço sequer cobre os custos de produção.