Estudos globais mostram uma mediana de sobrevida global inédita, com 40% dos pacientes com resposta objetiva e mais de 70% com doença controlada4 4143l
São Paulo, novembro de 2024 – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma terapia para câncer de pulmão de pequenas células (PC) – em estágio avançado¹. Trata-se de uma molécula bispecífica, chamada T-cell Engager (BiTE)®, que permite ao sistema imunológico do paciente procurar e combater as células cancerosas em seu corpo.² Os estudos clínicos demonstraram uma taxa de resposta objetiva de 40% em relação ao tratamento, sendo que cerca de 59% desses pacientes mantêm essa resposta por pelo menos 6 meses.³ 4
O câncer de pulmão é um dos mais incidentes no mundo, representando 12,4% do total de casos anuais. Os dados fazem parte das estimativas da Organização Mundial da Saúde, OMS, e da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, Iarc. Ele também é considerado o mais letal, com 1,8 milhão de óbitos.5
No Brasil, de acordo com dados da Estimativa 2023, realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), a incidência do câncer de pulmão correspondeu a 4,6% de todos os casos novos de câncer no Brasil no ano referido.6 A terapia é direcionada para pacientes em estágio extenso, ou que não obtiveram respostas com o tratamento quimioterápico.¹
Para o Dr. Gilberto Castro, oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), o tratamento representa um avanço e uma esperança aos pacientes de câncer de pulmão de células pequenas, já que a nova terapia é direcionada para pacientes com câncer em estágio extenso que tiveram progressão da doença mesmo tratada com quimioterapia prévia. “Tivemos oportunidade de comprovar os resultados em pacientes que não estavam respondendo tão bem aos protocolos vigentes. Com essa nova terapia, observamos que o tratamento é seguro e apresentou resultados promissores em termos de durabilidade da resposta e sobrevida dos pacientes, o que representa um grande avanço para uma doença agressiva como o PC”, completa.
O cenário atual de tratamento para câncer de pulmão de pequenas células
Com cerca de 85% dos casos ocorrendo entre dependentes do tabaco6, o paciente de PC enfrenta uma das neoplasias malignas de tumores sólidos mais agressivas, com uma sobrevida média de aproximadamente 12 meses após a terapia inicial e uma taxa de sobrevida relativa de cinco anos em 7% dos casos de estágios combinados.7 Atualmente, não existem terapias aprovadas para pacientes que estão no estágio de tratamento de terceira linha – abordagem terapêutica utilizada após o paciente não responder, ou ter recaído, aos dois tratamentos iniciais (primeira e segunda linha). Os dados globais de estudos indicam que pacientes tratados com terapia de terceira linha têm uma sobrevida global média de 4,4 a 5,3 meses.³ 8
O PC representa aproximadamente 15% dos casos de câncer de pulmão diagnosticados anualmente em todo o mundo. 9 10 “Em geral, esse tipo de câncer responde bem aos tratamentos iniciais, e muitos pacientes apresentam boas respostas à quimioterapia. No entanto, apesar dessa resposta inicial positiva, a maioria dos pacientes apresenta recaída (ou progressão) em poucos meses, precisando de novas opções de tratamento para controlar a doença”, complementa Dr. Gilberto.
Alejandro Arancibia, Diretor Médico na Amgen Brasil, destaca que “pela primeira vez, os pacientes brasileiros com esse tipo de câncer, que enfrentam um prognóstico terrível, terão o a uma opção de imunoterapia direcionada e que já vem apresentando boas respostas no tratamento. Isso é reflexo de muitos estudos e avanços científicos para uma doença muito desafiadora e, portanto, um orgulho para nós”.
Para Ricardo Castellan, Gerente Geral da Amgen Brasil, essa conquista é resultado do compromisso de servir aos pacientes. “Só em 2023, investimos R$ 100 milhões em pesquisas clínicas no País e trabalhamos para que a atuação da Amgen em Pesquisa e Desenvolvimento alcance cada vez mais grupos étnicos, especialmente os que são sub-representados. Não à toa, o Brasil lidera as pesquisas na América Latina, além de participar de mais estudos da Amgen do que a média da indústria de inovação”, completa o executivo.
Para que o medicamento esteja disponível para os pacientes brasileiros, ainda serão necessárias outras etapas, como a aprovação do preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Mas a estimativa é que o medicamento esteja à disposição dos pacientes no primeiro semestre de 2025 e que possa contribuir positivamente para aumentar a expectativa de vida desses pacientes com mais qualidade.
Referências:
¹ – Brasil. Resolução-RE Nº 4.241, de 13 de novembro de 2024. Diário Oficial da União. Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária/2ª Diretoria/Gerência-Geral de Produtos Biológicos, Radiofármacos, Sangue, Tecidos, Células, Órgãos e Produtos de Terapias Avançadas. Seção 1, p. 103, Edição 222. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-re-n-4.241-de-13-de-novembro-de-2024-596257342. o em 18/11/2024
² – Einsele H, Borghaei H, Orlowski RZ, Subklewe M, Roboz GJ, Zugmaier G, Kufer P, Iskander K, Kantarjian HM. The BiTE (bispecific T-cell engager) platform: Development and future potential of a targeted immuno-oncology therapy across tumor types. Cancer. 2020 Jul 15;126(14):3192-3201. doi: 10.1002/cncr.32909. Epub 2020 May 13. PMID: 32401342. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32401342/. o em 04/11/2024
³ – M.-J. Ahn, B.C. Cho, E. Felip, I. Korantzis, K. Ohashi, M. Majem, O. Juan-Vidal, S. andzhiev, H. Izumi, J.-S. Lee, R. Dziadziuszko, J. Wolf, F. Blackhall, M. Reck, J. Bustamante Alvarez, .-D. Hummel, A.-M.C. Dingemans, J. Sands, H. Akamatsu, T.K. Owonikoko, S.S. Ramalingam, H. Borghaei, M.L. Johnson, S. Huang, S. Mukherjee, M. Minocha, T. Jiang, P. Martinez, E.S. Anderson, and L. Paz-Ares, for the DeLLphi-301 Investigators. Tarlatamab for Patients with Previously Treated Small-Cell Lung Cancer. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa2307980 o em 04/11/2024
⁴ – Sands J. et al.Tarlatamab Sustained Clinical Benefit and Safety in Previously Treated SCLC:DeLLphi-301 Phase 2 Extended Follow-up.Abstract OA10.03 presented at IASLC 2024 World Conference on Lung Cancer; Abstract Book.Disponível em: https://wclc2024.iaslc.org/wp-content/s/2024/09/WCLC-2024-Full-Conference-Abstract-Book.pdf – o em 04/11/2024
⁵ – Global cancer burden growing, amidst mounting need for services. The International Agency for Research on Cancer (IARC). Disponível em: – https://www.iarc.who.int/news-events/new-report-on-global-cancer-burden-in-2022-by-world-region-and-human-development-level/ o em 04/11/2024
⁶ – Ministério da Saúde – Instituto Nacional de Câncer – Estimativa 2023 Incidência de Câncer no Brasil – Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2023.pdf – o em 17/10/2024
⁷ – American Cancer Society. Lung Cancer Survival Rates. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/types/lung-cancer/detection-diagnosis-staging/survival-rates.html o em 17/10/2024
⁸ – Coutinho AD, Shah M, Lunacsek OE, et al. Real-world treatment patterns and outcomes of patients with small cell lung cancer progressing after 2 lines of therapy. Lung Cancer. 2019;127:53-58. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30642551/ o em 17/10/2024
9 – Oronsky B, Abrouk N, Caroen S, et al. A 2022 Update on Extensive Stage Small-Cell Lung Cancer (SCLC). J Cancer. 2022;13:2945-2953. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9330463/#B1 o em 04/11/2024
10 – Sabari JK, Lok BH, Laird JH, et al. Unravelling the biology of SCLC: implications for therapy. Nat Rev Clin Oncol. 2017;14:549-561. Disponível em https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC5843484/ – o em 04/11/2024